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os selvagens do Brasil
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Indagaram depois do que havia acontecido ao seu primo Jeronymo.

— Já está assado, respondi. E tambem com estes olhos os vi comerem o filho do capitão Ferreira.

Ouvindo tão crua nova, não puderam os dois irmãos conter as lagrimas.Procurei consolal-os, contando que iam em oito mezes que eu lá estava e, pois, houvessem esperança.

— O mesmo fará Deus comvosco, se confiardes delle. Eu de mim me dôo mais que vós desta miseria, porque sou de uma terra extranha e desaffeito aos horrores desta gente; mas vós, que aqui nascetes e fostes creados, não vos devieis espantar do costume da terra.

— Estaes, responderam elles, estaes com o coração endurecido pela vossa propria desgraça e não podeis nos lastimar...

Nisto chamaram-me os selvagens da minha cabana, para indagar da conversa em que eu estava com os prisioneiros. Senti deixal-os, e por despedida ainda os confortei, aconselhando-os a se entregarem á vontade de Deus, pois que este mundo era um valle de lagrimas.

— Nunca o verificamos tanto como agora! foram as ultimas palavras que lhes ouvi.