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os selvagens do Brasil
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nou-me que fosse entretendo os indios até que o navio se apparelhasse, mas de modo que não se zangassem, nem suspeitassem de alguma trahição.

Abati-poçanga, entretanto, insistiu em levar-me para a terra.

Respondi-lhe que não tivesse tanta pressa, pois bem sabia que quando bons amigos se encontram não podem separar-se depressa; que quando o navio partisse então regressariamos todos á taba. E assim consegui retel-o.

Finalmente, completada a carga do navio, embarcaram-se todos os francezes.

O commandante reuniu os indios, fez vir um interprete e falou-lhes de como estava satisfeito por me não terem morto apesar de colhido entre inimigos; disse que mandara chamar a bordo para os presentear em agradecimento do bom trato havido para com o prisioneiro; declarou ainda que era sua intenção persuadir-me a permanecer com elles, já que lhes era tão familiar; ficaria eu empregado no commercio da pimenta, que o navio voltaria a buscar no anno seguinte.

Antes dessa fala tinhamos combinados um plano. Uns dez homens da tripulação, dos que mais se parecessem commigo, se reuniriam, declarando-se meus irmãos e insistindo em levar-me.