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O meu captiveiro entre

nas aos galhos de uma arvore; depois deitaram-se em redor de mim, exclamando com ironia:

Ché remimbaba indé, que significa — és meu animal domestico.

Ao raiar do dia partiram de novo e remaram até tarde; quando o sol descambou no horizonte, faltavam ainda duas milhas para chegar ao pouso visado. Nisto formou-se no céu, atrás de nós, uma grande nuvem negra, tão ameaçadora que os forçou a remarem com furia para alcançar a terra. Vendo que não podiam escapar da tempestade, disseram-me:

Né monghetá ndê Tuppan quaabe amanaçu yandê eima rana mo-cecy, o que significa: Pede a teu Deus que a tempestade não nos faça mal.

Reconcentrei-me e implorei a Deus nestes termos:

— O' tu, Deus omnipotente, que auxilías os que te imploram, mostra a tua força a estes pagãos, de modo que eu saiba que ainda estás commigo e elles vejam que tu me ouviste.

Eu estava amarrado e deitado no fundo da canôa, em posição que não me permittia ver o céu; mas notei que os indios se voltavam de continuo para trás, murmurando: