Página:O Barao de Lavos (1908).djvu/106

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de...? — E veio-lhe o apetite cálido de firmar maritalmente os seus direitos, no mesmo instante, ali.

Por isso, novamente dobrado sobre a baronesa, afagou-a com um segundo beijo, desta vez demorado, caricioso, firme, seguido de outros, vertidos cantadamente na cabeça, nos olhos, na face, no colo... no pescoço, e cortados por um entaramelamento de balbuciações apaixonadas.

— Deixa-me, ouviste?... Já te disse... Não estou para graças... Maçador! — repelia ainda a baronesa, já sem azedume, sem energia, amolentada, morta, a vontade suspensa e os nervos formigantes ao contágio sensual do marido. E acrescentou, num tom de voz sumido mas ressonante, como se falasse de um ponto muito distante, à beira de um rio: — Peço-te, vai-te deitar.

E o barão deitou-se, mas ao lado dela, imperioso, trémulo... E após uma pequenina luta, os dois breve afogaram num íntimo amplexo — longo, suspirado, elétrico — as últimas asperezas da contenda.