Página:O cabelleira - historia pernambucana (1876).djvu/236

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e terno como Luiza? Olhe. A morte está mais perto de mim do que....

— A morte! exclamou o bandido.

— Sim; dentro em pouco eu o deixarei, mas emquanto não nos separarmos, poupe-me estas scenas que me traspassam o coração. Quando eu desapparecer de seus olhos, não se considere só no mundo. No lugar que meu corpo deixar vasio ao pé de si, ha de ver sempre à alma benevola e amorosa da pobre Luiza; ella o acompanhará por toda a parte para inspirar-lhe os bons pensamentos e aconselhar-lhe a pratica das boas acções. Porque não me dá à consolação de reconhecer em vossê desde já um espirito arrependido dos passados erros?

— Ah! Luizinha! Vossê me abranda com suas palavras, em sua presença eu me considero uma criança.

— É Deus que me ajuda a quebrar seus impetos, a moderar sua colera. Elle ha de ouvir todos meus rogos, ha de inspirar-lhe horror ao sangue e aos instrumentos que o derramam.

Cabeleira, como si tivesse recebido nestas palavras um aviso celeste, replicou:

— Não levantarei mais minha mão contra ninguem, Luizinha. Quer uma prova desta resolução? Veja. É a maior que lhe posso dar.