Página:O missionário.djvu/557

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O tempo mudara por volta de cinco horas, e o céu estava toldado. Um vento carregado de umidade soprava do lado do sul. O sol escondia-se lentamente por trás da serra.

No caminho os homens que carregavam o caixão renovaram-se duas vezes. Quando o préstito parava, a conversação estabelecia-se a princípio em voz baixa, e depois em tom natural, como num passeio.

No cemitério, quando depuseram o caixão de Totônio Bernardino no fundo da cova escura e fresca, o professor Aníbal Americano Selvagem Brasileiro recitara uma poesia que começava assim:

MORTO POR AMOR

NÊNIA

E morreste na flor da mocidade,

Teu pai, coitado, aí ficou chorando...

Macário não se recordava do resto. Mas eram versos muito bonitos que o Costa e Silva prometera mandar para o Diário do Grão-Pará, apesar do Regalado dizer que o tal professor era um idiota.