Página:O seminarista (1875).djvu/239

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— Que é isto, santo Deus!... - exclamou com voz severa - esperava encontrar uma enferma no leito da agonia, e que é que estou vendo!... estará zombando de mim?

— Eu zombar do senhor padre! julga-me capaz disso? - murmurou a moça em tom de queixa tão meigo e mavioso, que diríeis arrulho de pomba, que dentro do ninho afaga o companheiro.

— Então que quer dizer esta mudança, esses enfeites, essa cor e esse rosto, que parece tão animado e cheio de saúde?...

À chegada do padre a palidez da moça se havia trocado por um vivo encarnado, que lhe incendia as faces, e seus olhos lampejavam com estranho brilho.

— Acho-me melhor, é verdade - respondeu -, não estou sofrendo agora grande incômodo, mas não sei por que, me diz o coração, que meus dias estão contados.

— Não creia tal, minha filha, isso é pura cisma, é um capricho da sua imaginação. Mas enfim... seja como for, não me é permitido demorar-me por mais tempo a sós no quarto de uma moça,