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POEMA
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IX

Tendo o cono patente no sentido
Na barriga o tezão lhe dava murros;
E de activa luxuria enfurecido
Espalhava o cachorro afflictos urros:
Co'a lembrança do vaso apetecido
O nariz encrespava como os burros;
Até que em vão berrando pelo cono,
De todo se entregou nas mãos do somno.

X

Já roncando os visinhos acordava
O lascivo animal, que representa
Co'o motim pavoroso que formava,
Trovão fero no ar, no mar tormenta:
Com alternados couces espancava
Da pobre cama a roupa fedorenta,
Que pulgas esfaimadas habitavam,
E de mil cagadellas matisavam.

XI

Eis de improviso em sonhos lhe apparece
Terrifica visão, que um braço estende,
E pela grossa carne que lhe cresce
Debaixo da barriga ao negro prende:
Acorda, põe-lhe os olhos, e estremece
Gomo quem ao terror se curva e rende:
Com o medo que tinha, a porra ingente
Se metteu nas encolhas de repente.