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alzira a olinda

As emoções da propria Natureza:
Sê religiosa e Qi-me em pratical-as.

O meu Alcino, a quem eu devo tudo,
N′um momento desfez o que em tres lustros
Nescios pães procuraram suggerir-me.
Por habito adoptei de uns a doutrina,
Por gosto d′outro as maximas sem custo
Dentro em meu terno peito radicaram.
Tu sabes, minha Olinda, quão perplexa
Minha alma balançava entre os combates:
Que a rude educação, que recebera,
Dentro em mim mesma oppunha sentimentos
Cujo extranho poder toda me enleava.

Foi n′este estado de incerteza, e inercia,
Que Alcino desposei: occulta força
Me impellia a adoral-o: não sabendo
De deleites que fonte inexhaurivel
Se ia abrir para mim entre seus braços.
Do dia nupcial todo o apparato
Olhava como um sonho!... É impossível
A estupidez, o pasmo em que me via
Traçar aos olhos teus; lembra-me apenas
A inquietação d′ Alcino em todo o dia,
E a avidez de prazer, em que enlevado,
Terminado o festim, já n′alta noute
Ao throno nupcial foi conduzir-me.
Ficamos sós: eu timida, agitada,
Em sossobro cruel (qual branda pomba.
Que ao tiro assustador vôa e revôa.
Aqui, e alli mal pousa, se levanta