Página:Sonhos d'ouro (Volume II).djvu/211

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— Guida! exclamou o velho enternecendo-se.

— Mas com esta afeição, não posso, papai; o sacrifício excede minhas forças. Parece-me que me insultaria a mim mesma, casando-me com outro homem. Seria uma degradação...

— Não falemos mais disso, minha filha!

— Deixe-me esquecer, deixe-me sufocar esse coração que eu julgava morto, e que reanimou-se por meu mal. Daqui a um ano terá passado.

— Tudo o que tu quiseres, respondeu Soares, contanto que não fiques triste. Brinca, diverte-te bem. Inventa novas travessuras. Ainda que me custem muito dinheiro, muito... Para que prestará ele, se não for para te distrair?

— Há uma cousa que, eu sinto, me havia de fazer muito bem, disse Guida timidamente.

— O que é?

— Ele é pobre... Sua felicidade depende de vinte contos... Eu daria meus alfinetes...

— Criança. Não estou eu aqui? A dificuldade, desconfio que será obter dele que aceite...

— É verdade.

Nesse momento parou um carro ao portão; e