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Página:Sonhos d'ouro (Volume II).djvu/210

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desse afeto, por ele e para ele, vinha surpreendê-la a realidade e reclamar sua existência, para votá-la ao mais atroz dos sacrifícios, que pode sofrer a mulher: para atá-la como a um poste de infâmia, ao homem a quem ela despreza.

— Adivinhei, confessa. Tu já escolheste.

— Já, papai, disse com veemência; infelizmente já; mas aquele a quem amo, não me pode amar.

— Ora! fez o Soares com o sorriso de um homem que sabe quanto pode.

Guida abanou a cabeça:

— Não, é impossível! Todo o dinheiro do mundo não bastaria para comprar-me a felicidade.

— Quem é ele? perguntou Soares, sentindo apoderar-se de si o desânimo da filha.

Contou Guida ao pai a simples história de seu amor, botão que desabrochara recentemente em flor, ainda impregnado de vivos perfumes.

— Estava resolvida a casar-me já para seu sossego e tranquilidade, papai; a saudade, que eu teria de minha vida de solteira, me havia de pagar com usura a felicidade de o ver contente.