Página:Ursula (1859).djvu/140

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porque as lágrimas de um pranto sentido lavam a nódoa do pecado.

Chegaram a esse asilo da inocência os nossos viajantes e pararam observando atentos essas paredes solitárias do luxo humano, e depois Tancredo conduziu pela mão sua jovem desposada à porta do convento, que se abriu ao seu reclamo.

Ela estava radiante de beleza, e parecia disputar primores com a estrela da manhã.

A pesada porta abriu-se, e Úrsula desapareceu por ela.

— Úrsula! – exclamou Tancredo de novo cavalgando o seu ginete – Úrsula, só tu compreendeste o meu coração... Deixa vãos receios!... Oh! Sossega! Eu te protegerei contra a cega paixão desse louco.

Pretenderá em vão lutar contra a tua vontade, e nunca te poderá arrancar da alma a sublime afeição, que deste a outrem. Louco! A mulher só ama uma vez. No seu coração imprimiu Deus um sentir tão puro e tão verdadeiro, que o homem não pode duvidar dos seus afetos.

E a mulher cumpre na terra sua missão de amor e de paz; e depois de a ter cumprido volta ao céu; porque ela passou no mundo à semelhança de um anjo consolador.

Esta é a mulher.

Mas aquela, cujas formas eram tão sedutoras, tão belas, aquela, cujas aparências mágicas e arrebatadoras escondiam um coração árido de afeições puras, e desinteressadas... Oh! Essa não compreendeu para que veio habitar entre os homens; porque a cobiça hedionda envenenou-lhe os nobres sentimentos do coração.