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Ingazeiros desgalhados desdobram sobre elle as franças cujas pontas arripiam o espelho das aguas.

Cáem na corrente flores mortas.

O rio, feito movediço esquife, condul-as com mimo té á corredeira proxima; ali, irritado, amarfanha-as, fal-as pedaços, e ellas viram babugem.

Margeia o rio a estrada, ora d'ocre amarello, ora roxa-terra, aqui tunnel sob a verdura picada no alto de nesgões de luz, além escampa.

Nos barrancos ha tocos de raizes decepadas pelo enxadão, e covas de formigas onde as andorinhas armam ninho.

Surgem casotas de caipira.

Lá na aguada bate roupa uma mulher.

Rumor no matto: sae delle, de lenha ao hombro, uma cabocla.

— Sinh'Anna, bom dia! Que é do Luiz?

— No eito, coitado.

— Sárou bem?

— Ché que esperança! Melhorsinho. Panaricio é uma festa!...

— Malva, Sinh'Anna, malva cozida.


Baitacas em bando, bulhentas, a sumirem-se num capão d'angico.

Borboletas amarellas nos humidos: parece que debulharam alli flores de ipé.

— Zut!

Uma preá que corta o caminho. Péga, Vinagre!

Outra casinha lá longe.

E' a toca do Urunduva, caboclo amaleitado,

Este diabo tem nas terras a coisa mais bella da zona — a paineira grande.

Tóco para lá.