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dendo côres de dansa serpentina em formas luxuriosas de odaliscas.

A duqueza Dhalia, sua majestade a Rosa, o samurai Chrisanthemo — que fidalguia!

Bem longe estão desta aqui, azuleguinha, pouco maior que uma conta de rosario.

Não obstante vejo cá mais alma.

Leio mil coisas na sua modestia.

Luctou sem treguas com a terra tramada de raizes concurrentes, com as geadas, com as lagartas, com os bichos que pastam.

Que tenacidade, que prodigio de economia não representam estas iscas de petalas, e o perfume agreste que as olorisa, e a côr — tentativa de azul — com que se enfeitam, as faceirinhas!

Entretanto possuem a belleza selvatica das coisas que jámais soffreram a domesticação do homem.

As de jardim: escravas de harem... Adubo farto, terra livre, tutores para a haste, cuidados mil — cuidados do homem para com a rez na ceva...

As agrestes morrem livres no hastil materno; as fidalgas. na guilhotina da tesoura, e vão murchar em vasos ou lapelas.

Fabula do lobo e do cão...


Que ar! A gente das cidades, affeita a sorver um indecoroso gaz feito de lama em suspensão n’um mixto de máu azoto e peior oxygenio, não sabe o prazer sadio que é sentir os pulmões borbulhantes deste fluido vital em estado de virgindade.

O oxygenio, fresquinho: foi elaborado naquelle momento pela vegetação viçosa.

Respiral-o é sorver vida á nascente.


Alli o rio.