Prometeu. — O mundo passageiro não pode entender o mundo eterno; mas tu serás o elo entre ambos.
Ahasverus. — Dize tudo.
Prometeu. — Não digo nada; anda, aperta bem estes pulsos, para que eu não fuja, para que me aches aqui à tua volta. Que te diga tudo? Já te disse que uma raça nova povoará a terra, feita dos melhores espíritos da raça extinta; a multidão dos outros perecerá. Nobre família, lúcida e poderosa, será perfeita comunhão do divino com o humano. Outros serão os tempos, mas entre eles e estes um elo é preciso, e esse elo és tu.
Ahasverus. — Eu?
Prometeu. — Tu mesmo, tu eleito, tu, rei. Sim, Ahasverus, tu serás rei. O errante pousará. O desprezado dos homens governará os homens.
Ahasverus. — Titão artificioso, iludes-me... Rei, eu?
Prometeu. — Tu rei. Que outro seria? O mundo novo precisa de uma tradição do