Qual dos dois?/XX
Augusta não se mostrou irritada com a resposta de Daniel; conteve a irritação; revelar-se era contrário ao seu orgulho; não queria fazê-lo e não fez.
Mas, poucos dias depois, notavam-se as visitas repetidas de Luiz à casa de Madalena; as pessoas que freqüentavam a casa notavam também que as relações entre o deputado e Augusta eram muito mais cordiais do que antes.
Madalena quando percebeu isto, estimou muito que a situação tivesse tomado aquele caráter; preferia vê-la casada com um homem que parecia merecer toda a confiança.
E seria namoro?
Alguns afirmavam que sim; outros que não.
Todos concordavam, porém, que a situação entre ambos tinha-se modificado muito.
Luiz, pela sua parte, já se acreditava mais feliz; não é que ela lhe desse esperanças positivas; mas todo o seu procedimento dava a entender isso mesmo.
Daniel, depois da carta que escreveu a Augusta, hesitou em freqüentar a casa; mas, ao mesmo tempo curioso por ver o efeito da carta, resolveu lá ir, e com efeito apareceu ali quinze dias depois do último em que lá estivera.
Como o recebeu Augusta?
Daniel ia atravessando um corredor e encontrou Augusta que vinha de uma sala interior. A moça apenas o viu foi mais depressa para ele, com um sorriso nos lábios, a ponto que o rapaz, contando com um gesto de despeito ou ao menos de indiferença, ficou como dizem, desapontado.
Trocaram alguns cumprimentos, depois dos quais Daniel perguntou a Augusta:
— Perdoou-me?
— Perdoei-o.
Augusta disse estas palavras com tanta graça que Daniel sentiu-se arrependido de ter mandado a carta.
Nessa noite, lá esteve Luiz como de costume.
Madalena recebeu Daniel com um sorriso de piedade. Ignorava a troca de cartas, mas o sorriso queria dizer:
— O que perdeu o senhor! Vai outro ser feliz!
Daniel mostrou-se amável com todos. Augusta não demonstrou o menor sintoma de desagrado, em relação ao rapaz.
— Será isto natural? ou é simplesmente hipocrisia? perguntava Daniel consigo.
Luiz estava radiante de amor. Já para ele não havia dúvida de que triunfava finalmente a sua perseverança.
A presença de Daniel que, em outra época, o incomodara, já agora lhe era indiferente.
Por sua parte, Daniel conhecia pelo ar de Luiz que a situação estava toda a seu favor.
Não quis disputar-lha.
Somente, refletiu um pouco sobre a facilidade com que Augusta passava de um a outro namoro.
A coisa não seria de admirar noutra mulher; mas na orgulhosa Augusta!