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Quinhentos contos/VI

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Máximo, que se preparava para partir, recebeu uma carta do coronel e de Helena pedindo-lhe que lá fosse. Suspeitou o que seria, e resolveu não ir. Mandou dizer que se achava doente, mas que daí a dois dias poderia cumprir as ordens deles. É que então já estaria fora.

Continuou, portanto, a tratar da viagem.

Mas até os maus se incumbiam de conspiração a favor de Helena. Quando Máximo contava estar livre, aparece-lhe em casa Alves Antas a reclamar-lhe a dívida que o doutor ainda não tinha pago.

Máximo pediu ainda uma espera, dizendo que mandaria o dinheiro apenas chegasse ao Sul. Alves não aceitou; Máximo foi obrigado a adiar a viagem a fim de ver se pagava antes de partir.

Passaram-se cinco dias sem que Máximo pudesse arranjar nada, nem fosse visitar Helena. Na tarde do quinto dia recebeu a seguinte carta do coronel:

Helena adoeceu; é por sua causa. Não há remédio senão a sua presença. Se lhe tem alguma estima não a deixe morrer.

Máximo leu esta carta trêmulo de terror; mandou chamar o tílburi e partiu para casa do coronel.

Achou Helena de cama, abatida e pálida como uma defunta.

Mas a presença dele foi uma espécie de elixir da vida.

— És tu! disse ela.

— Sim! disse ele.

Estava salva; daí a cinco dias levantou-se; e daí a um mês uniu-se pelos laços do matrimônio ao escolhido do seu coração.

É inútil dizer que os dois velhos amigos e seus filhos não assistiram à função.

E, posto que durante algum tempo estivessem arrufados, Alves e Batista voltaram aos sentimentos antigos, e são a melhor imagem da fraternidade de Pílades e Orestes, com as restrições mentais do interesse privado.

La chose n’est pas neuve, et le style en est vieux.