Seio da Família

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O Octaviano Robledo era simples segundo-anista de medicina quando foi morar na "Pensão Fabrício", à rua Haddock Lobo, em frente, mesmo, à residência do coronel Viana Guedes. Alto, forte, bonito, possuía uma "pose" de tal ordem, que toda a gente o tomava, não como estudante, mas como professor da Faculdade. E foi como tal que o tomaram Dona Corina, esposa do coronel, e a Victorinha, sua filha única, e tão forte já, que parecia mais uma irmã que sua filha.

Estabelecidas as relações de sacada para sacada, o Octaviano acabou por ir visitar o velho oficial reformado, e contar-lhe os seus propósitos de casamento. Como informação, tinha apenas a dizer que era estudante, de hábitos morigerados, adorando o lar e tendo como ideal a vida no seio da família.

Duas semanas após a admissão do rapaz na residência do coronel, entrava este em casa, quanto estacou, de repente: na saleta, o decote generosamente aberto, Dona Corina sustentava sobre os joelhos, maternalmente, a cabeça do Octaviano, o qual gozava esta situação infantil, de olhos fechados.

— "Seu" patife!... — exclamou o oficial, avançando contra o grupo.

Abrindo ligeiramente um dos olhos, o Robledo não se assustou.

— Perdão! — disse; — o senhor não tem razão.

E com um sorrizinho canalha, sem mudar de posição:

— Eu não disse ao coronel que o meu ideal era viver no "seio" da família?