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Sonetos do Exilio/7

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VII

Terra do Brasil




Familiarizado com a idéa da morte, que aliás não lhe turbava a majestatica serenidade do animo, o Snr. D. Pedro II mandou vir do Brasil um caixotinho de terra, talvez da sua poetica vivenda de Petropolis, a cidade montesina que Elle fizera brotar da serrania da Estrella, uma vez que na quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, por Elle aformosentada a expensas suas, já grasnava a sabedoria da Constituinte, fabricada por Deodoro a golpes de sabre e do regulamento Alvim. Só a dous ou tres intimos revelou o Imperador qual o fim a que destinava a singular encommenda. Morto, cumpridas foram suas ordens : e com terra do Brasil se encheu a almofada em que repousa a cabeça do monarcha no seu ultimo jazigo de S. Vicente de Fóra.

Ultimo?! Não haverá no Brasil coração bastante para reclamar as reliquias do mais glorioso de seus filhos ?

VII

Terra do Brasil



Espavorida agita-se a criança,
De nocturnos phantasmas com receio,
Mas si abrigo lhe dá materno seio,
Fecha os doridos olhos e descança.

Perdida é para mim toda a esperança
De volver ao Brasil ; de lá me veio
Um pugillo de terra : e nesta creio
Brando será meu somno e sem tardança...

Qual o infante a dormir em peito amigo,
Tristes sombras varrendo da memoria,
O’ doce Patria, sonharei comtigo !

E entre visões de paz, de luz, de gloria,
Sereno aguardarei no meu jazigo
A justiça de Deus na voz da historia !