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Tres Reis a adorar a hũ Rey

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Coplas.

Tres Reis a adorar a hũ Rey,
Que em Belem naſce menino,
Vaõ deixando os propios Reynos,
Por taõ eſtranhos caminhos.

Naõ reparaõ nos rigores,
De tempo taõ dezabrido,
Porque sò no dilatarſe,
Sente o dezejo o martirio.

A toda apreſſa a Deos buſcaõ,
Com diſvelos taõ ſubidos,
Que em todas as acçõis foraõ,
Os tres Reis muy peregrinos.

Informado de hũa Eſtrella,
Se poem todos ao caminho,
E em tudo creyo, q̇ houve,
Para admiraçaõ prodigios.

Eſtribilho.

Paſmem, paſmem, & admirem,
Eſte prodigio,
Que tres Reis hoje buſcaõ,
Hum Rey menino?
Que aſſombro? Que gloria?
Sendo divino,
Hoje aos tres Reis humano,
Ha parecido?
Paſmem, paſmem, & admirem, eſte prodigio.

II. Coplas.

Tres monarcas do Oriente,
A Belem chegaõ rendidos,
E mais pellos rendimentos,
Que por Reis foraõ bem viſtos.
Que eſte Rey aquem buſcaõ,
Como he menino,
Naõ faz cazo de ſceptros,
Ama os rendidos.

De ſeus thezouros lhe offertaõ,
Cada qual como ſaõ ricos,
Mas que delles não fas cazo
Mais que do fumo imagino.

Que eſte Rey como naſce,
Tão pobrezinho,
Não eſtima os thezouros
Bem que ſaõ ricos.

Porque a fè lhe tributaraõ,
Crendo ſer homem divino,
Então ficaraõ os tres Reyes
De graça bem prevenidos.

Que eſte Rey como he recto
No ſeu juizo.
Sempre faz muy de graça,
Os beneficios.

Tributarios lhe ficaraõ,
E por modo tal unidos,
Que alcançaraõ grande gloria,
Porque foraõ ſempre amigos.

Que eſte Rey como he juſto,
Tem por eſtillo,
Meter os que amaõ,
Num paraizo.

Eſtribilho.

Paſmem, paſmem, & admirem,
Eſte prodigio,
Que tres Reis hoje buſcaõ,
Hum Rey menino?
Que aſſombro? Que gloria?
Sendo divino,
Hoje aos tres Reis humano,
Ha parecido?
Paſmem, paſmem, & admirem, eſte prodigio.