Tulipa Real (1893)

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Carne opulenta, magestosa, fina,
Do sol gerada nos febris carinhos,
Ha musicas, ha canticos, ha vinhos
Na tua estranha bocca sulpherina.

A fórma delicada e alabastrina
Do teu corpo de límpidos arminhos
Tem a frescura virginal dos linhos
E da neve polar e crystalina.


Deslumbramento de luxuria e goso
Vem dessa carne o travo acciduloso
De um fructo aberto tropicaes mormaços.

Teu coração lembra orgia dos triclinios...
E os reis dórmem bizarros sanguineos
Na sêda branca pulchra dos teus braços.