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Uma partida/IX

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Góis venceu. Poucas horas depois, tinham tudo ajustado. D. Paula sairia no sábado próximo, para a própria casa onde ele morava, em Andaraí. Parece sonho tudo isto, e a pena mal obedece à mão; a verdade, porém, é que é verdade. Para explicar de algum modo esse ato de insensatez, é preciso não esquecer que ele, sobre todas as coisas, amava o escândalo; e que ela não se sentindo presa por nenhum outro vínculo, mal sabia que se expunha. la separar-se de toda gente, fechar todas as portas, confirmar as suspeitas públicas, afrontar a opinião — tudo como se houvera nascido para outra sociedade diversa daquela em que vivia. Não desconhecia o erro e seguia o erro. A desculpa que podia ter é que havia feito a mesma coisa até agora, e ia aliviar a consciência, pelo menos, da hipocrisia.

Na sexta-feira, à tarde, Góis mandou-lhe as últimas indicações escritas. De noite foi verbalmente confirmá-las. D. Paula tinha visitas e parecia alegre, Góis ressentiu-se da alegria.

— Parece que não me sacrifica nada, pensou ele; quisera vê-la abatida, triste e até chorando... Ri, ao contrário; despede-se desta gente, como se devesse recebê-la amanhã...

Essa descoberta aborreceu-o; ele saiu sem fazer nenhuma referência ao ato do dia seguinte. D. Paula, prestes a cometer o escândalo, teve vergonha de falar dele, e os dois despediram-se como se não tivessem de ligar, poucas horas depois, os seus destinos.