Unhas e garras

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Parecem-me de neve as tuas mãos voluptiosas:
Há tanta branca espuma em teus dedos pequenos,
E têm tão fino pó de pérolas e rosas
Que eu já vejo surgir de cada um deles Vênus.
 
Há neles tanto azul na teia transparente,
Tão vasto é o irradiamento intenso dessa alvura,
Que um céu desce e lhes põe um sol resplandecente,
E o que um grande Deus fez, lhes fez em miniatura.

Gorjeia-lhes a pele o sândalo tão baixo,
Como um trilo que sai de moita de lilases,
Remirando-se ao vítreo espelho de um riacho.

Porém quando com um só dedo um mau gesto fazes,
Detrás das unhas, onde auroras passam, acho
Ver garras de leões atravessando oásis.