Versos da mocidade (Vicente de Carvalho, 1912)/Ardentias/Never more
Aspeto
NEVER MORE
Tu queres reviver aquele amor de outrora...
Douda! Mal sabes tu, nem podes compreendel-o,
Que noute anouteceu no ceu daquela aurora,
Como a minh’alma em flor se recobriu de gelo!
Um dia ergueste o vôo... O rózeo torvelinho
De uma ezistencia nova e esplendida arrastou-te:
Voaste para a luz — e aqui fiquei sózinho
No fundo deste amor onde caíra a noute.
Hoje, meiga, talvez arrependida, voltas
Procurando em minh’alma um pouco do passado,
Tentando reunir aquelas folhas sôltas
Em que atiraste ao vento um sonho desfolhado.
Não volta ao galho a flor que desprendeste da haste,
Não volta a minha fé. Tu, coração travesso,
Coração de mulher, lembras-te de que amaste...
Eu não mendigo amor! Eu amo-te... e padeço.