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Viver, esquecer

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Viver, como Imortal no Olimpo esplendoroso,
Sem tentar conhecer por um acerbo estudo
Como tem fim o abismo, onde em cima andar ouso,
Grande, em larga ebriez, em vasto êxtase mudo,

Impenetrável, sem saber que a vida iludo,
Nem que há sombras no vale, a cuja paz me coso,
Achar o riso, a flor, o cheiro, e azuis em tudo,
Em tudo ter o belo, e resumi-lo em gozo:

Dos deuses eu quisera esta força, esta graça;
O esquecimento só, o esquecimento apenas
Do minuto que vibra a Hora alegre que passa;

Sentir sem ter jamais murchas as açucenas;
Ver meter, sem jamais azinhavrar-se a taça.
Nela as asas o amor, nela o beijo as antenas...