A Confederação dos Tamoyos/Notas

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NOTAS


CANTO I.

Nota 1, pagina 2.
Doçura deram do Carióca as aguas.

Diz Rocha Pitta, apoiado em uma tradição, que as aguas do Carióca tem a virtude de dar boas vozes aos musicos. Vem esta crença dos Indios, por quanto os Tamoyos, que habitavam o Rio de Janeiro, eram mui dados á musica, e mui conhecidos e estimados entre todos os selvagens pelo seu talento poetico, como affirma Gabriel Soares. Por muito tempo foram os filhos do Rio de Janeiro appellidados Cariócas por causa do grande chafariz da sua capital, onde correm as aguas desse rio, si bem que já hoje misturadas com as de outros: e sabem todos quanto os Fluminenses amam e cultivam a musica e a poesia; e nisto como na bravura, no amor da patria e liberdade, parecem-se elles com os antigos Tamoyos.

Nota 2, pagina 5.
Feroz sucuriúba horrida ronca.

A sucuriúba é uma serpente de 40 pés de grandeza, só anda nas lagôas e pégos de aguas mortas. Atando a cauda a uma raiz ou ponta de pedra, no fundo d’agua, agarra todo vivente que se aproxima á margem, e o engole sem o despedaçar, como fazem as cobras na Europa aos coelhos: ronca debaixo d’agua ouvindo algum estrondo fóra: as lontras são os seus maiores inimigos. (Ayres de Cazal, Corographia Brasilica.)

Nota 3, pagina 13.
Como o guará que perde as alvas pennas.

O guará, uma das mais lindas aves paludaes, tem o corpo de uma perdiz, pernas compridas, pescoço longo, bico comprido e um pouco curvo; sem cauda. A primeira penna é branca, passado algum tempo torna-se negra, e finalmente escarlate, conservando a segunda côr nas extremidades das azas. (Ayres de Cazal, Corog. Bras.)

Nota 4, pagina 15.
O incendio e a morte ás tabas indianas.

Tabas são as aldeias ou praças fortes dos Indios, fortificadas com grandes cercas de madeira.

Nota 5, Pagina 16.
Já o cadaver dentro da igaçaba.

A igaçaba dos Indios é como uma talha ou vaso de barro, de largo bojo: serve não só de deposito d’agua e dos seus licores, como tambem de urna funebre, onde mettem o cadaver antes de enterral-o.

Nota 6, pagina 18.
Aqui abaixo o Comorim se alarga.

A lagôa Comorim é a mesma que tambem denominam Jacarépaguá.

Nota 7, Pagina 19.
Quem um putumujú te não julgára.

O putumujú é uma das mais lindas e importantes arvores dos bosques pela sua duração ao tempo, e intima união com o prego no cintado, altos e cobertas dos navios, em que se emprega, e é uma especie de Robinia Brasiliense: o seu comprimento chega a cento e cincoenta palmos, e até vinte e cinco de circumferencia, etc. (Balthazar da Silva Lisboa, Annaes do Rio de Janeiro.)

Nota 8, pagina 21.
O echo de nenhum Maraguigana.

Maraguiganas eram, segundo a crença dos Indios, os espiritos ou almas separadas dos corpos, como as nossas almas do outro mundo, que denunciavam morte, e a que davam muito credito.

Nota 9, pagina 22.
Apenas ha tres sóes que uns Emboabas.

Emboabas: assim appellidavam os Indios aos Portuguezes, por causa das calças de que usavam, por analogia aos passaros desse nome, que tem as pernas cobertas de pennas até abaixo.[1]

CANTO II.

Nota 1, pagina 34.
E o mais forte é por chefe respeitado.

Ácêrca da crença, leis e governo dos selvagens, é curioso o que diz Gabriel Soares no Cap. 150, Parte 2.ª do seu Tratado descriptivo do Brasil; e foi depois repetido por Simão de Vasconcellos no § 116, Liv. 1.º da sua Chronica da Companhia de Jesus: « que faltavam ao alphabeto dos Indios as letras F, L, R, porque elles não tinham Fé, nem Lei, nem Rei. » Como si em todas as nações, em todas as línguas sómente assim se devessem chamar as cousas correspondentes a esses nomes! Discorrendo o primeiro escriptor acima citado sobre a falta dessas tres letras, diz: « Si não tem F é porque não tem fé em nenhuma cousa que adorem; nem os nascidos entre christãos, e doutrinados pelos padres da Companhia, tem fé em Deos nosso Senhor, nem tem verdade, nem lealdade a nenhuma pessoa que lhes faça bem. E si não tem L na sua pronunciação é porque não tem lei nenhuma que guardar, nem preceitos para se governarem; e cada um faz a lei a seu modo, e ao som da sua vontade; sem haver entre elles leis com que se governem; nem tem lei uns com os outros. E si não tem esta letra R na sua pronunciação, é porque não tem rei que os reja, e a quem obedeçam, nem obedecem a ninguem, nem ao pai o filho, nem ao filho o pai, e cada um vive ao som da sua vontade. »

Mas pergunto: si assim tão brutos e independentes eram os selvagens da raça Tupica; si nada dessas cousas tinham; si em nada criam; si a ninguem respeitavam e obedeciam; si por nenhuma lei ou practica se regiam: como então acreditavam elles na existencia de um Ente Supremo, a quem denominavam Tupan? Como admittiam os espíritos malignos Anhangás, Juruparís, Curupíras e outros? Como respeitavam os seus Payés ou feiticeiros? Como com tanto agasalho recebiam os estrangeiros? Como viviam em tabas ou aldeias? Como elegiam os seus Caciques, escolhendo os mais capazes para esse cargo, si o fallecido chefe não deixava filho ou irmão com as qualidades necessarias para isso, segundo nos assegura o mesmo Gabriel Soares? Não acreditavam elles em nenhuma cousa? Esse mesmo auctor diz: « Bastava que um Payé lhes dissesse: vai, que has de morrer, para que esses barbaros se fossem deitar nas redes pasmados, sem quererem comer, e de pasmo se deixassem morrer! » Então eram elles nimiamente credulos. Não tinham lei com pessoa alguma? Eram por conseguinte egoístas, perfidos e ingratos. E Soares escreveo no capitulo 160, parte 2.ª « Costumam mais estes Indios, quando vem de caçar ou pescar, partirem sempre do que trazem com o principal da casa em que vivem, e o mais entregam ás suas mulheres, ou a quem tem o cuidado de os agasalhar no seu lanço… Tem estes Tupinambás uma condição mui boa para frades Franciscanos, porque o seu fato e quanto tem é commum a todos os da casa que querem usar delle; assim das ferramentas, que é o que mais estimam, como das suas roupas, si as tem, e do seu mantimento; os quaes, quando estão comendo, póde comer com elles quem quizer, ainda que seja contrario, sem lh’o impedirem, nem fazerem por isso carranca! » Logo tinham lei até com os seus inimigos; eram humanos e hospitaleiros, e exercitavam, sem o saberem, uma das mais bellas virtudes do christianismo!

O Padre Simão de Vasconcellos, que no livro 1.º da sua Chronica repete, sem declarar a origem, aquellas desarrazoaveis reflexões sobre a falta das tres letras, cita no principio do livro 2.º os nomes de grande numero de Caciques que, convertidos á Fé com milhares de Indios » foram, como diz elle, afamados, louvados e premiados dos governadores e reis por valerosos, engenhosos, guerreiros e fieis; e o que mais é, por doceis, pios, amorosos, republicos e christãos soffredores de todos os contrastes. » E accrescenta: « Chegaram a ter para si muitos d’aquelles primeiros povoadores, não só idiotas, mas ainda mesmo lettrados, que os Indios da America não eram verdadeiramente homens racionaes, nem indivíduos da verdadeira especie humana, e por conseguinte que eram incapazes dos Sacramentos da Santa Igreja: que podia tomal-os para si qualquer que os houvesse, servir-se delles, da mesma maneira que de um camelo, de um cavallo, ou de um boi; feril-os, maltratal-os, matal-os sem injuria alguma, restituição, ou peccado. E o peior é que pôz o interesse dos homens em praxe usual tão deshumana opinião. » Eis pois revelado o segredo de todas as calumnias contra os pobres Indios! Cremos que bem se póde louvar a civilisação, e apreciar os serviços prestados pelos primeiros colonisadores desta parte da America, sem que por isso necessario seja infamar e calumniar os Indios.

Nota 2, pagina 34.
De tacapes e maças de páo-ferro.

Tacapes são umas grandes clavas de páo durissimo como as clavas dos antigos cavalleiros.

Nota 3, pagina 37.
A terrivel inúbia que assignala.

A inúbia é uma especie de grande bozina, feita de páo, e usada na guerra.

Nota 4, pagina 40.
Em seus corceis ao Curultai armados.

Curultai é a assembléa soberana dos Tartaros, onde todos os homens livres comparecem a cavallo, tratam de paz e de guerra, e proclamam as suas leis.

Nota 5, pagina 44.
Descido aos campos de eternaes deleites.

Crêm os Indios que as almas dos guerreiros, separadas do corpo pela morte, vão nos corpos dos colibres habitar os campos alegres, além das montanhas que denominam azues[2], onde gozam de continuos deleites.

As almas dos máos, porém, e as dos cobardes, são, segundo elles, devoradas pelos Anhangás, genios malfazejos como os nossos demonios.

Nota 6, pagina 47.
No Guanabara estava n’um rochedo.

Este rochedo é denominado hoje Villegagnon, occupado n’aquelle tempo pelos Francezes, que nelle se haviam fortificado, sob o commando do cavalleiro daquelle nome, que ficou em memoria.

Mem de Sá, mandado pela rainha D. Catharina, com alguns navios de guerra, d’alli os expulsou em Janeiro de 1560, quatro annos depois que os Francezes se tinham apoderado d’aquelle ilhéo, e nelle edificado o forte Coligny, que foi demolido pelos Portuguezes. Os Tamoyos prestaram apoio aos Francezes nesse combate.

Nota 7, pagina 48.
Os seus trovões não são Tupaçunangas,
Nem os seus raios são Tupaberabas.

Tupaçunangas quer dizer verdadeiros trovões de Tupan, e Tupaberabas verdadeiros raios de Tupan; em opposição aos trovões e raios produzidos pelas armas de fogo.

CANTO III.

Nota 1, pagina 73.
Ou sejam Anhangás, ou sejam homens.

Anhangás, espiritos máos, ou phantasmas. Creio ser esta palavra composta de Anhõ, só, e Angá, alma: isto é: alma só, ou alma sem corpo.

Nota 2, pagina 77.
O ardente nanauy, e outros diversos
Saborosos licores…

Muitas especies de vinhos fabricam os Indios: do ananaz fazem o nanauy, do cajú o cajuy, da pacova o pacoy, do milho o abatiy, da raiz do aipim o cauy ou cauim, etc.[3]

Nota 3, pagina 79.
Pois eu te chamarei Guaraciaba.

Guaraciaba quer dizer — cabello do sol. Guaracy, sol, e aba cabello. Nome de uma especie de colibri.

Nota 4, pagina 81.
Como um sahy de um guanumby ao lado.

O sahy é uma linda especie de passarinho geralmente conhecido. O guanumby ou goanhamby é o nome generico que dão os Indios á todas as especies de colibris.

Nota 5, pagma 83.
Troam todas as bellicas inúbias,
Marraques e urucás.

Varios instrumentos musicos possuem os Indios: a inúbia guerreira, de que já fallámos na nota 3.ª do 2.º canto: o marraque, que consiste em um cabaço cheio de pedrinhas, suspenso em um cabo enfeitado de pennas; póde ser comparado a um grande chocalho com que brincam as nossas crianças; o urucá é outro instrumento, cuja fórma não sei indicar.

CANTO IV.

Nota 1, pagina 110.
Que o grão Tamandaré depois das aguas.

Tamandaré é o Noé dos povos brasilicos. Segundo a sua tradição, esse Payé, ou Mago de grande saber, fôra avisado por Tupan, excellencia superior, que um diluvio devia inundar a terra e cobrir os montes, á excepção de uma palmeira que estava em certa montanha mui alta: nessa palmeira salvou-se Tamandaré e sua familia, alimentando-se com os seus fructos durante o diluvio; findo o qual desceram, e de novo povoaram a terra.

Nota 2, pagina 113.
Com tanto amor te dêo? Caro Araujo.

Meu amigo o Snr. Manoel de Araujo Porto-Alegre, Director da Academia Imperial das Bellas Artes.

Nota 3, pagina 115
Da immovel araponga que soluça.

A araponga é um passaro branco como a neve, do tamanho d’uma pequena pomba; tem o bico largo na raiz, um pedaço depennado e de côr verde á roda dos olhos. Este passaro pousa no tôpo da mais alta arvore dos bosques, e alli passa a maior parte do dia em um canto, que imita bem o ferrador atarracando ferraduras na bigorna. (Ayres de Cazal, Corographia Brasilica.)

Nota 4, pagina 117.
Que os malignos genios Macacheras,
E os ruins Juruparís os acommettam.

Macacheras são os espiritos dos caminhos; e Juruparís, espíritos máos, que Simão de Vasconcellos confunde com os Anhangás, e que talvez sejam os espíritos dos matos.

Nota 5, pagina 121.
Fugir!… que Curupira malfazejo
Inspirou-te tão baixos pensamentos?

Curupiras são os espíritos dos pensamentos, segundo Simão de Vasconcellos. Mas no Diccionario Portuguez e Brasiliano publicado em Lisboa vejo Juruparí corresponder á palavra diabo, e Curupira a demonio que apparece no mato. Sendo pois certo que os Indios acreditam na existencia de uns espiritos que apparecem nos bosques, inclino-me a crer serem estes os denominados Juruparís, e não Curupiras, sendo estes ultimos os espiritos que presidem aos pensamentos, como diz o citado chronista Vasconcellos.

Nota 6, pagina 122.
Como as tapiras que de tudo fogem.

Tapiras, ou antas: quadrupede da grandeza de um bezerro, timido e velocissimo na carreira; foge quando é atacado, e só resiste quando cançado já não póde fugir.

Nota 7, pagina 128.
Que mysterios são estes da Natura?

Esta feitiçaria da Tangapema vem mencionada no livro 2.º, paragrapho 17, da Chronica da Companhia de Jesus pelo Padre Simão de Vasconcellos, que a não põe em duvida. Os que explicam a dança e oraculos das mesas, e evocação dos espiritos dos mortos pela influencia da força magnetica animal, o que tanto occupa actualmente a attenção publica na Europa e na America, podem explicar este phenomeno do mesmo modo, e attribuil-o á mesma causa occulta. No caso contrario poderáõ recorrer a uma explicação, que li em um dos numeros da Civiltá Catolica do primeiro semestre de 1853, Revista publicada em Roma por Jesuitas, que admittindo como incontestaveis os extraordinarios phenomenos do movimento das mesas e evocação dos espiritos, attribue tudo á obra do diabo. Da mesma opinião são quasi todos os bispos de França, como o declararam em suas pastoraes publicadas nos jornaes de Paris de 1853, condemnando as experiencias das mesas fallantes: opinião que acaba de ser longamente desenvolvida e sustentada com grande erudição por Mr. Eudes de Mirville em um livro dado á luz em 1854, o qual tem por titulo: Des esprits et de leurs manifestations fluidiques: livro bastante extraordinario para o nosso seculo.

CANTO V.

Nota 1, pagina 150.
Estes ouviram de Sumé as vozes
Junto do Itajurú…

Simão de Vasconcellos[4] e outros escriptores affirmam que os Indios das diversas nações da America conservavam uma tradição, pela qual se collige que entre elles estivera o Apostolo S. Thomé, a quem os do Brasil chamavam Sumé. Alonga-se o mencionado Jesuíta Portuguez em demonstrar ser verdadeira essa tradição; e, entre as muitas razões que allega, dá como prova da passagem do Santo Apostolo pelas terras do Brasil certas pegadas de homem, que elle vira em uma pedra em Itapuã, pouco distante da cidade da Bahia: o caminho de areia em Marapé, dez leguas no interior do reconcavo d’aquella cidade: os signaes do seu bordão em um penedo de Itajurú, perto da cidade de Cabo Frio, e outros signaes e vestigios da mesma natureza. Sem entrar aqui na elucidação desta tradição, faço esta nota para os que, por pouco lidos em taes materias, podessem suppôr ser invenção minha tanto esta tradição, quanto o mais que no texto deste poema a ella se refere.

CANTO VI.

Nota 1, pagina 179.
E desse sabio Andrada, que se ufana
Co’os illustres irmãos…

José Bonifacio de Andrada, Martim Francisco Ribeiro de Andrada, e Antonio Carlos Ribeiro de Andrada, illustres promotores da independencia do Brasil, sabios e probos ministros.

Nota 2, pagina 185.
Desse prudente Lima acompanhado.

O benemerito tenente-general Francisco de Lima e Silva, um dos primeiros Regentes na menoridade do Senhor D. Pedro II.

Nota 3, pagina 187.
O nome de Caxias para exemplo.

Luiz Alves de Lima, Marquez de Caxias, tenente-general, filho do precedente, illustre pacificador das provincias do Maranhão, S. Paulo, Minas, e Rio Grande do Sul.

CANTO VII.

Nota 1, pagina 226.
A força do brutal Francisco Dias.

Este supponho eu ser aquelle immoral Francisco Dias, muitas vezes e inutilmente admoestado por Anchieta; e que talvez por fim meio arrependido, entrando no Auto composto pelo dito Padre, e representando no adro da igreja de S. Vicente em vesperas do jubileo da festa de Jesus, como nos refere Simão de Vasconcellos[5], dizia, fallando em seu proprio nome:

A viagem ’stá acabada,
A náo vai-se alagando,
E nesta vida em que ando
Por tantas causas errada
Meus dias já não são nada,
Pois pecco por tantas vias;
Triste de Francisco Dias,
Não lhe sinto salvação,
Si vós, Mãi da Conceição,
Não pagais as avarias.

Nota 2, pagina 231.
Quando alguns d’entre vós té mesmo, oh crime!
A comer carne humana os aconselham!

Para que não cream ser isto exageração poetica, e para que vejam mesmo que não me animei a dizer em verso o que sobre isto li em prosa, transcreverei aqui o período de uma carta do respeitavel padre Manoel da Nobrega, dirigida ao governador Thomé de Sousa, em data de 25 de Julho de 1559. Diz a carta: « Em toda a costa se tem geralmente por grandes e pequenos que é grande serviço de Deos Nosso Senhor fazer aos gentios que se comam, e se travem uns com os outros, e nisto tem mais esperança que em Deos vivo; e nisso dizem consistir o bem e segurança da terra, e isto approvam capitães e prelados, ecclesiasticos e seculares, e assim o poem por obra todas as vezes que se offerecem, e daqui vem que nas guerras passadas que se teve com o gentio sempre dão carne humana a comer não sómente a outros Indios, mas a seus proprios escravos. Louvam e approvam ao gentio o comerem-se uns aos outros, e já se acham christãos a mastigar carne humana para dar com isso bom exemplo ao gentio. »

Essa carta bastante longa e interessante acha-se impressa no tomo 6.º dos Annaes do Rio de Janeiro por Balthazar da Silva Lisboa, da pagina 63 a 101.

CANTO VIII.

Nota 1, pagina 265.
De annoso acayacá…

Acayacá é o nome que davam os Indios ao cedro.

Nota 2, pagina 265.
Para fincar no canguçú que o assalta.

Canguçú é uma especie de onça.

CANTO IX.

Nota 1, pagina 278.
Esses seus Abarés…

Abaré, appellido que davam os Indios aos padres.

CANTO X.

Nota 1, pagina 310.
Cheios de seccas folhas de pituma.

Pituma, ou pitima, é o nome brasilico do tabaco.

FIM.


Emp. Typ. — DOUS DE DEZEMBRO — de Paula Brito
Impressor da casa Imperial. — 1856.

  1. ws: Macedo Soares, A. J. Sobre a Etimologia da Palavra Boaba ou Emboaba, UNICAMP, 1995
  2. ws: Serra do Mar
  3. ws: Simão de Vasconcelos, Noticias curiosas e necessarias das cousas do Brasil, Lisboa, 1668, p. 142
  4. ws: Simão de Vasconcelos, Noticias curiosas e necessarias das cousas do Brasil, Lisboa, 1668, p. 85 e p. 184
  5. ws: Simão de Vasconcellos, Vida do venerável padre José de Anchieta, 1672, Lisboa, p. 49