Em essa de cristal campanha errante

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Em essa de cristal campanha errante
Da morte um peito ilustre foi vencido,
Mágoa, que o mar chorava fementido
Com lágrimas de neve, ou de diamante.

Neste teatro horrível, e inconstante
Aos rigores do tempo pôs rendido
A sua pompa o Prado mais florido,
Fim a seu curso o sol mais rutilante.

Como Prado em tormentas inundado,
Como sol, que apressado a esfera corre,
Teve o seu fim nas águas destinado.

Por que se bem se adverte, ou se discorre,
Se o mar inunda, se sepulta o prado,
E se fenece o sol, nas ondas morre.