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CANTO IV.
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Nas mãos pousando o queixo, a coma esparsa,
Negra, lustrosa, em ondas fluctuantes,
Vê ao longe o exercito sumir-se,
Ora outeiros subindo, ora descendo,
E entre os dos bosques corpulentos troncos
Arbustos os guerreiros lhe parecem.

Ruim melancolia lhe agrilhôa
O coração immerso na tristeza.
De copada aroeira em verde ramo
Modúla o sabiá canções de amores
Com magicos accentos da saudade;
Canções que embebem n’alma o abatimento,
Branda, terna affeição, langor suave,
Que quasi a vida extingue entre delicias;
Canções, direi melhor, que a alma extasiam,
E do corpo mortal arrebatando-a,
Ao vago espaço a sobem, e a sublimam
Ás puras regiões de excelsos gozos.
Que coração ha hí já tão quebrado,
Tão vazio de amor, ou já tão duro,