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CANTO VII.
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Junto ao qual enterrára a igaçaba,
Que de seu velho pai guardava o corpo.

Trabalhando á porfia os dous amigos
Cavam o chão, e a urna desenterram;
Ao vêl-a, o pio Aimbire enternecido
Exclama: « Oh Cairuçú! guerreiro illustre,
Que depois de uma vida gloriosa
Tão malfadada foi tua velhice,
E acabaste de dôr no captiveiro.
Oh Cairuçú, meu pai! Desde essa noite
Em qu’eu neste torrão guardei teus ossos,
A sós, sem testemunha além da lua,
Que hoje o caminho alumiar me veio;
Desde essa noite, em qu’eu jurei vingar-te,
Um dia só não tive de repouso.
Assás luctado tenho, e inda não basta.
Desta terra banhada com teu pranto,
Terra de escravidão, que a um senhor nutre;
Tirar venho teu corpo… Outro jazigo
Te darei nesse monte ao mar fronteiro,