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A CONFEDERAÇÃO DOS TAMOYOS

Aos seus, que irados vinham libertal-a.
Que elle désse esse exemplo de virtude,
A fim que os mais colonos o imitassem,
Libertando os selvagens captivados,
E de uma vez cessando de ir caçal-os.

Porém o Dias, qu’entre os seus consocios
Das prégações dos padres murmurava,
E contra elles movia surda intriga,
Aproveitando o ensejo, respondeo-lhe:
« Padre, és tu Portuguez, ou és selvagem?
Que andas tu contra nós sempre bradando,
Sempre a favor de uns animaes sem alma?
Desconfio de tanta santidade.
Queres á custa nossa, e em nosso damno,
Conquistar o amor desses selvagens,
Só para ás vossas leis tel-os sujeitos?!
Não tendes vós tambem Indios escravos?
Dai-lhes embora o nome que quizerdes,
Que escravos são os que p’ra vós trabalham.
Padre, vai-te com Deos prégar aos bosques.