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CANTO VII.
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Não dou-te a India; si eu a quiz, cacei-a.
Deixa-me em paz. » E assim dizendo, foi-se.

A tão ímpia resposta o brando Anchieta,
A quem só forças dava a caridade,
Levando as mãos aos olhos, e enxugando
As lagrimas que a flux lhe borbulhavam,
N’um suspiro exclamou: « Ah pobres homens!
Sempre a Deos e á razão cegos e avessos!
E a quem sempre a verdade escandalisa! »

Livre fez Deos o homem; razão deo-lhe
Que o bem do mal distingue; leis sagradas,
Innatas e protótypas gravou-lhe
No coração, porque guias lhe sejam
Na pratica do bem, do justo e santo,
Porque lhe aplaquem das paixões a furia:
E si contra essas leis o homem pecca,
Aos olhos da razão elle é culpado,
Responsavel a Deos: e o crime é do homem,