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CANTO IX.
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E a palavra aquecida e perfumada
De santa inspiração abala os peitos,
A colera dissipa, o amor inspira,
E augmenta da razão a força e o brilho;
O venerando Nobrega, que via
Quanto o seu companheiro moço e ardente,
Mais versado na Túpica linguagem,
Com prazer pelos Indios era ouvido,
Pedio-lhe que ao Tamoyo respondesse;
E Anchieta obedecendo orou dest’arte:

« Sabei, bravos Tamoyos, que nós somos
Servos d’aquelle Deos auctor do mundo,
Qu’é pai de todos nós, e nos ordena
Que os homens todos como irmãos amemos.
Nós vos amamos, sim; e si affrontamos
Os perigos do mar e as vossas frechas,
É só p’ra obedecer ao seu mandado.
O mandado de Deos é que a verdade,
Luz eterna das almas, mais sublime,
Mais grata que esta luz que aos olhos brilha,