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CANTO II.
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« Eia, Tamoyos meus, antes que as aves
Amanhã se levantem de seus ninhos,
Nós devemos marchar; e ao mesmo tempo
Do inimigo arredar cautos tentemos
O opoio mais terrivel. Jagoanharo
Vá ver Tibiriçá; vá declarar-lhe
Que Araray seu irmão, a nós unido,
Em nome de seu pai lhe diz e pede
Que elle não deixe os seus pelos estranhos.
Que a terra e a liberdade nos roubaram.
Vai, Jagoanharo, vai: dize a teu tio
Que se arrependa, e venha honrar os ossos
Da mãi, que tanto o amava, e que chorára
Si o vira contra o irmão entre o inimigo:
Si a tão caras memorias e ao sobrinho
Tibiriçá resiste, Jagoanharo,
Dize-lhe emfim que nós nada tememos;
Que te mandámos lá por amor delle,
Por amor de Araray, não por fraqueza;
Que p’ra cobrir o mar temos canôas
Tantas, que vendo-as tremerá de espanto;
E tantos homens temos bem armados