Página:A Esperanca vol. 1 (1865).pdf/320

Wikisource, a biblioteca livre

― Não, querida Melania, não has de ter mais valôr, que eu. Nunca taes vinculos me prenderam, os quaes devo aborrecer e rejeitar, visto que te constituiriam desgraça: não escaparás ás minhas desveladas diligencias: esse retiro descobrirei, que te esconde para não vêr as minhas lagrimas, e d'elle irei arrancar-te: restituir-te-hei a estes sitios, ao regaço da tua familia: O conde d'Estival verás; has de amal-o: ah! e se tanto é preciso... sua esposa sejas, que eu sou a que devo morrer.

(Continua.)

 

 

Maria Isabel


Romance original por Maria Peregrina de Sousa

Dedicado á memoria de minha irmã

(De pag. 298)

N'este comenos ouviu-se tropiar cavallos, e logo depois entraram tres mancebos na pequena casa, já bastante cheia.

― Que é isto?!... ― exclamou Maximino, que era um dos tres. Os outros eram Alfredo e outro amigo dos primeiros.

― Chega reforso á corveta! disse Francisco abaixando o machado.

O regedor contente por vêr quem o ajudasse a manter a carta constitucional, contou a Maximino o que havia.

Enganam o snr. regedor, redarguiu Maximino. Esse barão (como lhe chama) não é tutor d'aquella menina. Eu e os meus amigos estamos promptos a depôr por escripto a verdade. Esta senhora, (elle se adiantou para Maria Isabel cortejando-a,) é minha noiva e foi tirada por engano da casa de meus pais onde estava.

― Chamem o senhor barão. Vejamos o que retruca.

O senhor barão tinha desapparecido. Damião tambem se escapára por entre o povo que se havia agglomerado á porta. O regedor os procurou algum tempo.

― Não se cansem, disse Maximino, eu bem vi fugir para o lado opposto áquelle d'onde vinhamos um cavalleiro que reconheci pelo raptor da snr.a D. Maria Isabel.

Depois Maximino se acercou da donzella, que estava perturbada e vergonhosa, apertou-lhe a mão e lhe disse que seus pais a esperavam anciosos; e voltando-se lançou-se nos braços de Francisco e lhe deu os mais vivos agradecomentos, e disse-lhe baixo: És duas vezes meu salvador.

― Snr. Maximino, disse o marujo, veja como ha de ser isto. Precisamos de barco que nos tire d'estas paragens. A snr.a D. Mariquinhas não póde dar mais um passo.

Alfredo foi mandar aproximar uma carroagem que trouxemos por prevenção. O teu bilhete de hontem é que nos fez hoje correr n'esta direção. És um optimo e intelligente moço.

D'alli a pouco iam todos caminho do Porto.

 


Publicações Litterarias

O filho de Deus

Acha-se á venda n'esta redacção o mencionado volume, de que é authora a exm.a sr.a D. Maria Adelaide Fernandes Prata. Tambem se vende outro volume da mesma authora, intitulado — Poesias , offerecidas ás Senhoras Portuenses.

Preço por cada um volume... 300rs.


Estrophes

Brevemente sahira á luz este volume de poesias do snr. Alberto Pimentel.

Preço — Para o Porto, 200 reis — Provincias 240 reis (adiantados.)

Assigna-se n'esta redacção, na Livraria Franceza e Nacional, rua do Laranjal, n.o 2 a 16.



Porto: 1865 — Typ. de J. Pereira da Silva & F.o
Praça de Santa Theresa, n.o 63.