dos países tropicais, como as que só com o frio se dão bem; tendo regiões produtoras dos melhores vinhedos, dos mais afamados pomares, dos mais dôces e variados frutos, como dos mais úteis cereais; podendo ter uma silvicultura modelar, porque não nos faltam para campos de experiência as montanhas ásperas onde se recorte a aristocrática linha do abeto, nem vales carinhosos ao sol morno do sul onde a palmeira agite brandamente os ramos exóticos; e terra privilegiada para todas as culturas florais — forçoso é confessar que na agricultura pouco ou nada temos feito que bem possa demonstrar as qualidades de inteligência, de trabalho persistente e previdente que noutros ramos caracterizam a nossa raça.
Portugal deveria ser de ha muito o delicioso ponto intermédio entre a natureza áspera da velha Europa central e o sonho brando da cariciosa e perturbante paisagem dos trópicos.
É a última estação de repouso para quem deixa a linda e intelectual Europa, que ha milhares de anos defende com energia o predomínio da civilização orientadora dos homens, e é o primeiro passo para se entrar nessa terra pujante que, ha quatro séculos, os homens veem procurando e fecundando com o seu doloroso trabalho incendido pelo fogo sagrado da ambição.
Tudo nos indica dentro da lógica e da natureza para sermos um recanto paradisíaco do mundo, onde a vida decorra faca e atraente para os que estão e para os que nos procuram na ânsia de en-