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contrar o momento fugidio de felicidade e de paz.

Unicamente tem faltado uma educação disciplinada e forte, que trace aos homens o caminho e lhes modere a acção, sem desfalecimentos nem ambições perturbadoras.

Povo de imaginativos e de agitados, é tempo de encontrar a forma externa da acção, orientando toda a prodigiosa actividade da raça e toda a ambição sonhadora da sua alma aventurosa, no anseio comum de ter a mais linda, a mais rica, a mais feliz e respeitada das pátrias.

Para realizar o que á maior parte da gente parece uma utopia, na crise de impotência moral, que traz o negativismo, temos o direito de esperar que a mulher portuguêsa, a quem a História confiou o papel primacial de guarda e fixadora das qualidades excepcionais do nosso povo, que uma persistente emigração ameaçava descaracterizar, entre com todo o seu entusiasmo e toda a sua fé ardente na campanha que énecessário manter para a valorização da terra mais digna de ser amada.

Embora inconscientemente — é com mágua que o confessamos — a mulher em Portugal tem, por instinto, cumprido a parte moral da sua grande missão, ligando, duma forma ás vezes branda, mas segura, a tradição do passado á ânsia da esperança dum futuro que não deslustre aquele.

É tempo, porém, de reconhecer ela própria o seu esfôrço e compreender quanto a pátria necessita do seu trabalho inteligente, da sua grande acção benéfica, da sua iniciativa e do seu amor.