Página:As Minas de Prata (Volume II).djvu/134

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Essa parte da cidade, embora fossem oito horas apenas, estava completamente escura e deserta; não se via porta aberta, nem janela alumiada. Toda a população tinha-se aglomerado na Praça do Governador e Rua do Colégio, onde gozava dos prazeres e folias da noite, até que fosse tangido o sino de recolher.

O moço não deu atenção a esta circunstância, como quem tinha outros pensamentos que o ocupavam todo; continuou seu caminho; nem a escuridão da noite o fazia hesitar; adiante quebrou numa esquina, passou junto da Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, e atravessando uma pequena ribeira, tomou a rua que seguia aclive.

Ao longe o Mosteiro de São Bento estampava no céu de azul-ferrete a larga claustra e os vastos dormitórios; à direita corriam as cercas das roças plantadas de mangueiras, coqueiros e outro arvoredo frutífero.

Estava tudo em sossego; apenas se ouvia o ramalhar da aragem nas folhas e o borbulhar da ribeira fugindo pela charneca; de quando em quando uns longes rumores da festa passavam como rajadas e entravam no silêncio do ermo.

Cristóvão parou à beira de um fundo e largo valado,