Página:As Minas de Prata (Volume II).djvu/135

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cheio pela recente enxurrada; resfolgando da batida em que viera, enfiou os olhos pela ramagem.

Havia defronte uma cancela; e mais longe erguia-se a casa, destacando confusamente na sombra do arvoredo. Alva cinta de luz coava entre os bambolins de uma janela e resvalava trêmula pela folhagem, que agitava a viração da noite. O resto da habitação envolto nas trevas repousava da lida diurna.

Uma prancha, que servia de ponte sobre o valo, fora retirada da parte de dentro; de modo que a entrada do terreiro da casa tornava-se difícil e perigosa.

O cavalheiro volveu em torno olhar rápido e escrutador para certificar-se de que ninguém ali se achava oculto pelas árvores que pudesse espreitá-lo; feito o que apeou-se, ajustou as armas ao corpo, atirou a capa sobre o ombro esquerdo, e procurando um lugar favorável ao seu intento, conseguiu transpor o valo, graças a alguns ramos inclinados que lhe serviram de apoio. Meteu-se então por entre as árvores, onde a ramagem era mais basta, evitando que os raios da luz que filtravam da janela caíssem-lhe sobre.