Página:As Reinações de Narizinho.pdf/118

Wikisource, a biblioteca livre
112
O CASAMENTO DO NARIZINHO

— E com que linha?

— Com a linha do Sonho.

— E... por quanto vende o metro?

Narizinho, já mais senhora de si, deu-lhe uma cotovelada.

— Cale-se, Emilia. Os peixinhos são capazes de se assustarem com as asneiras e fugirem do vestido.

Nesse instante a porta se abriu assustadamente e o principe appareceu mais assustado ainda.

— Uma grande desgraça! foi dizendo. Acaba de chegar uma sardinha mensageira com recado do senhor Pedrinho communicando que o marquez de Rabicó está nas garras dum polvo!...

— E' preciso salval-o custe o que custar, principe! Se Rabicó for comido pelo polvo, vóvó vae ficar damnada!...

— Já mandei em seu soccorro o meu melhor batalhão de couraceiros. Só resta que cheguem a tempo...

— Quem são elles?

— Os caranguejos rajados !

— Mas caranguejo anda tão de vagar, principe! murmurou a menina com cara de desconsolo.

— Sim, mas foram montados em velocissimos peixes electricos. Tenho esperanças de que tudo acabe bem.

— Os anjos digam amen, suspirou a menina, ainda com o pensamento no pito que poderia levar de dona Benta.

Emilia aproveitou a opportunidade para perguntar ao principe que tal achava o figurino que escolhera para o seu vestidinho de cauda.

— Muito bonito, respondeu elle, pensando noutra coisa.

— Pois está ás suas ordens, disse amavelmente a boneca.

Narizinho chamou-a de parte para cochichar-lhe ao ouvido:

— Não se metta a conversar com o principe. Você diz sempre o que não é para dizer.