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A PENNA DE PAPAGAIO

De facto. A tonteira começou a passar e as arvores foram-se tornando visiveis outra vez.

Segundos depois sentiram terra firme sob os pés. Tinham chegado.

Os meninos abriram uns olhos do tamanho de goiabas. Olharam em torno. Um rio de aguas crystallinas corria por um valle de velludo verde. Na beira do rio um carneirinho branco preparava-se para beber. Ao fundo uma montanha azul se erguia majestosa, e entre o rio e a montanha havia a mais imponente floresta que se possa imaginar.

— Estamos no Paiz das Fabulas, tambem chamado Terra dos Animaes Falantes, explicou Penninha. Vamos começar por aqui a nossa viagem pelo Mundo das Maravilhas.


IV — O SENHOR DE LAFONTAINE


— Que lindo lugar! exclamou Pedrinho. Aqui é que devia ser o sitio de vóvó.

A menina tambem se mostrou maravilhada. Emilia, entretanto, fez cara de pouco caso. Tinha tido uma decepção. A boneca preferiria ter começado a viagem pelo Mar dos Piratas. Andava com a secreta esperança de ser raptada por algum famoso pirata, que comesse Rabicó assado e se casasse com ella. O sonho de Emilia era tornar-se mulher de pirata para mandar num navio que fosse o terror dos mares.

— Mas será mesmo que os animaes desta terra são falantes, ou faz de conta que falam? indagou Narizinho.

— Falam pelos cotovellos! respondeu Penninha. Falam para que possa haver fabulas. Vamos andando por este rio acima que logo encontraremos algum.

Nisto viram um homem de cabelleira encaracolada, vestido á moda dos francezes antigos. Usava fivela nos sapatos, calções curtos e uma jaqueta de cintura. Na cabeça trazia chapéu de tres pontas, e no pescoço e nos punhos, renda