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LXXXI. O GAÚCHO

— O gaúcho é um tipo humano, especial. — disse Roberto. — O ar franco, a vida sadia do campo, a liberdade, o espetáculo quotidiano de um horizonte ilimitado, dão a esta gente um temperamento distintivo, uma força de alma, uma independência e uma alegria extraordinárias. Os homens são naturalmente corajosos, dispostos a arriscar a vida, sem pestanejar perante a morte. E são naturalmente nobres, incapazes de uma traição. Amigos do trabalho e da ordem, têm um certo ar de arrogância, mas não são turbulentos sem razão; o que os indigna e revolta é qualquer ameaça de escravidão, qualquer suspeita de servilismo. E são cavaleiros admiráveis!... Um escritor disse que o gaúcho é um “centauro”. Sabem o que isto quer dizer?

— Sei! — disse Carlos — É uma ficção da mitologia, monstro fabuloso, meio homem e meio cavalo.

— Pois é assim um cavaleiro riograndense. O cavaleiro e o cavalo são inseparáveis. Vejam: lá está um gaúcho, e, não longe, o seu cavalo.