Página:Atravez do Brazil (1923).pdf/90

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A cama foi improvisada em minutos; reforçaram e atiçaram a fogueira, ajuntando-lhe mais lenha; e Juvêncio continuou a contar a sua história:

“Quando vi aparecer o malvado, dizendo que era meu tutor, fiquei frio. Tive ímpetos de atirar sobre ele a tenaz em brasa que segurava, mas contive-me, e, dizendo que ia despedir-me do mestre, dirigi-me para o interior da oficina, de onde saí pelos fundos. Corri até a casa de minha madrinha. Ela, como já disse, morava com a irmã.

“A casa ficava longe, retirada, no extremo da vila. Naquele lugar, houvera antigamente uma aldeia de índios, de que ainda se viam vestígios.

“Quando cheguei, contei o caso a minha madrinha, e disse-lhe terminantemente que não me submeteria a viver com aquele malvado. Ela concordou; e, depois de procurarmos durante muito tempo, eu, ela e a irmã, o meio de salvar-me combinamos que eu iria à casa de um conhecido delas, um pouco afastada dali, e lá ficaria durante algum tempo à espera de uma solução. Abracei-as, e saí. O que eu deveria ter feito era seguir logo para o meu destino; mas não quis deixar de despedir-me do mestre, e voltei à oficina. Foi a minha desgraça!

“Assim que eu cheguei, vi-me cercado por dois soldados, e um oficial de justiça. O malvado também lá estava... Vendo-me perdido, não me pude mais conter, e, levantando a voz, disse-lhe tudo quanto pensava da sua maldade. Disse-lhe que ele só fazia aquilo para compelir minha