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MONTEIRO LOBATO

a tempo ainda de permitir a manobra do leme. Em virtude disso, em vez de ir para cima das pedras, o barco foi ancorar numa angra abrigada e segura.

— Que sorte! exclamou Narizinho.

— Foi sorte, não ha duvida, e é facil imaginar a alegria desses homens, salvos no momento em que o desastre parecia inevitavel. Lançada a ancora, agradeceram a Deus o precioso socorro que lhes enviara. Em seguida trataram de descansar e enxugar as roupas encharcadas.

Isso foi pelas duas horas da tarde.

Não demorou muito surgiu uma canoa de indios com mostras de lhes quererem falar.

Os espanhois responderam que se aproximassem.

A canoa encostou ao barco, havendo falatorio de baixo para cima e de cima para baixo, sem que, entretanto, ninguem se entendesse. Para não desconsolar os indios, os espanhois os presentearam com machados e facas, coisa que muito os alegrou.

A' noite apareceu outra canoa de indios, desta vez com dois portugueses dentro. Estes homens mostraram-se muito admirados de ver o navio naquele porto. Era uma angra de dificilima entrada, sobretudo em dia de temporal.

Os espanhois narraram as suas tribulações e a maneira milagrosa pela qual vieram ter á angra no instante preciso em que esperavam a morte.

Chamava-se aquele lugar Superagui [1] e ficava distante dezoito leguas de S. Vicente e oito de Santa Catarina, para onde os espanhois pretendiam seguir.

  1. Nome de uma lingua de terra ao norte de Paranaguá.