Página:Contos paraenses (1889).pdf/122

Wikisource, a biblioteca livre

III

 

— Como sabes, tinhas dois dias quando tua santa mãe nos faltou. Até agora não sei como possivel me foi resistir a essa desgraça, que eu a principio reputei capaz de tirar-me a existencia. Tres annos passei encerrado n’este quarto, sem visitar as nossas fazendas, sem receber ninguem, apenas gozando em tuas innocentes caricias um pallido reflexo d’aquelles grandes affagos que a tua idolatrada mãe fazia-me constantemente. Passados esses tres annos, comprehendi que o teu futuro exigia-me impozesse silencio á minha dôr, e cuidasse de nossos bens, para dar-te uma bôa educação e, depois da minha morte, fazer-te herdeiro de uma riqueza sufficiente á tua manutenção. Saí, pois, do quarto, pedindo mentalmente á alma de tua mãe tomasse este sacrificio como feito por amor de ti e, por consequencia, por amor d’ella. Negocios meus exigiam que eu fizesse frequentes viagens á villa, onde, ha vinte e tres annos, isto é, quando tinhas cinco, encontrei-me com uma senhora amazonense, mulher d’um velho amigo meu, fazendeiro em Chaves e morador da villa. Essa senhora era o retrato