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CONTOS PARAENSES
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— Olha, murmurou ella conservando-se na mesma posição, beijando-o na testa. — Quero dar-te uma noticia muito bôa....

— Qual é? — perguntou Roberto estreitando-a nos braços.

— Tenho tanta vergonha!....

Esta exclamação pronunciou-a Candida desprendendo-se do amplexo do marido e dando um pulo para o leito.

— Anda, fala, menina, que tolice é essa?

— Então apaga a luz, primeiro; póde ser que ás escuras eu me sinta mais animosa! ....

Roberto soprou a luz da véla e disse deitando-se:

— Agora....

Candida ficou por um momento silenciosa, afagando a fronte do marido com as pontas dos frios dedos trémulos. Depois, a subitas:

— É que, — murmurou com umas brégeiras risadinhas reprimidas, — é que eu.... estou grávida!

Um beijo sonoro, prolongado, ardente como o fogo dos grandes amores, — o beijo com que o esposo tenta revelar a indizivel alegria de vêr convertido em realidade o seu mais persistente anhelo, — respondeu áquella confissão prazenteira, na propicia escuridade da alcôva matrimonial....