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De Magistro


9.Augustini - At ego puto esse quoddam genus docendi ber commemorationem, magnum sane, quod in hac nostra sermocinatione res ipsa indicabit. Sed si tu non arbitraris nos discere, cum recordamur, nec docere illum, qui commemorat, non resisto tibi, et duas iam loquendi causas constituo, aut ut

doceamus aut ut

9.Agostinho — Contudo[1] de grande valor julgo ser essa condição de ensino por rememoração[2], que aqui por si a nossa conversa per si indicará[3]. Mas, se tu não julgas aprender ao rememorar e tampouco rememora aquele que ensina, não te contesto. Agora, instituo duas causas para a locução, ou ensinar ou

rememorar quer em outros

  1. Em minha tradução, para a conjunção sed, entendida adversativa por excelência, considerei sempre a literalidade, traduzindo-a por mas, entretanto, para a conjução at, dado sua função coesiva em gerar expressividade ao texto, quando muitas vezes tem uma função adverbial ao contribuir com o sentido do contexto, entre minhas opções, busquei sempre na tradução a coerência coma raíz latina da conjunção. Por exemplo: contudo (cum + totus) entretanto (inter + tantum); entrementes (inter + medium); porém (por + em - forma apocopada do advérbio latino endo); todavia (totus + via).
  2. Agostinho ao escrever sobre a memória e os sentidos afirma: “Sim, é verdade! A não ser porque já existiriam em minha memória? Porém, elas estavam tão abrigadas e ocultas em cavernas secretíssimas que talvez não pudesse pensar nelas, se de lá não fossem arrancadas por quem me alertasse" (in CONFESSIONUM LIBRI XIII - X.10.17). A tradução de commemorare considerei o contexto onde estava inserida. Em alguns casos, segui a literalidade como em I-9, enquanto em outros, como I-19, considerei a citação acima e, traduzi por evocar, chamar de algum lugar.
  3. É de notar que não surge ao longo do texto latino de De Magistro a palavra repraesento ou qualquer uma de suas derivações latinas, enquanto por inúmeras vezes, ao tratar dos signos, Agostinho faz uso do verbo indicare. A opção por indicar é uma peculiaridade pertinente à semiótica agostiniana, em que o signo atua como indicativo no sentido de potencializar uma possibilidade de ser e não uma mera representação manifesta. Por isso escreveu: Uma palavra é apenas um signo do que quer que seja uma coisa, a fim de que o ouvinte possa entender aquilo que narra um locutor [..] um signo é aquilo que indica algo além de si mesmo à mente (in DE DIALECTICA Liber I - V).