— Quem foi o corretor?
— O seu amigo Escobar.
— Como é que elle não me disse nada?
— Foi hoje mesmo.
— Elle esteve cá?
— Pouco antes de você chegar; eu não disse para que você não desconfiasse.
Tive vontade de gastar o dobro do ouro em algum presente commemorativo, mas Capitú deteve-me. Ao contrario, consultou-me sobre o que haviamos de fazer daquellas libras.
— São suas, respondi.
— São nossas, emendou.
— Pois você guarde-as.
No dia seguinte, fui ter com Escobar ao armazem, e ri-me do segredo de ambos. Escobar sorriu e disse-me que estava para ir ao meu escriptorio contar-me tudo. A cunhadinha (continuava a dar este nome a Capitú) tinha-lhe falado naquillo por occasião da nossa ultima visita a Andarahy, e disse-lhe a razão do segredo.
— Quando contei isto a Sanchinha, concluiu elle, ficou espantada : « Como é que Capitú póde economisar, agora que tudo está tão caro? »— « Não sei, filha; sei que arranjou dez libras. »
— Vê se ella apprende tambem.
— Não creio; Sanchinha não é gastadeira, mas tambem não é poupada; o que lhe dou chega, mas só chega.
Eu, depois de alguns instantes de reflexão :
— Capitú é um anjo!