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Como eles não param de cachimbar, consomem muito fumo picado. Feito o acordo, o saci disse: "Então me solte." E Emília respondeu: "E se você me lograr?" "Não tenha medo" — respondeu o saci. "Isso de não cumprir a palavra é coisa dos homens. Saci sempre cumpre o que promete."

Emília soltou-o, e ele lá se foi, num corrupio...

Naquele mesmo dia o sacizete falou com todos os mais e se puseram a campear o Visconde. Quando os sacis procuram uma coisa acham mesmo, porque como são muito pequenininhos e espertíssimos, não fica recanto, nem buraco, nem fresta de taipa, nem "embaixos" de pau caído, tijolos ou caco de telha, que eles não revistem. Mas não houve meio. Não conseguiram coisa nenhuma. Nada — nada do Visconde de Sabugosa!...

Ao cabo de uma semana o sacizete procurou Emília e disse:

— Não está. No pomar ele não está. Assim pelo sistema da procura pura e simples a coisa não vai. Temos de raciocinar, deduzir. Vamos ver. Em que hora desapareceu o Visconde?

Emília recordou e contou tudo direitinho. Ela estava com os outros debaixo da jaqueira, assistindo à experiência duma das invenções do Visconde, quando lá de cima se desprenderam duas jacas maduras. — Uma caiu sobre mim e me esborrachou. Tiraram-me de lá em miserável estado, cega, surda e muda, porque o visgo da jaca me tapara os olhos, o nariz e os ouvidos. Se não fosse a esfregação de gordura que tia Nastácia me fez, eu não teria escapado...

Muito bem — disse o saci. — Caíram ao mesmo tempo duas jacas. Uma esborrachou você — e a outra?