Página:Manuel da Maya e os engenheiros militares portugueses no Terremoto de 1755.pdf/50

Wikisource, a biblioteca livre

desfrutamos! (e até os mesmos Gallegos) fallo do manancial das Agoas-Livres, obra de principios tão solidos e plano tão exacto, imaginada e conhecida por ti; aquella abundancia que tanto tem concorrido para a sustentação da extensa cidade de Lisboa: á tua sabedoria e ao teu genio se deve este bem! Não empregaste as mathematicas nos utilissimos fins de nos matarmos huns aos outros com mais presteza, mas sim em evitar o morremos á sêde. Nunca ouvi gabar estes teus cuidados e lembrança original; custou-me a saber quem teria sido a origem deste tão grande bem, que nos deixaste. O' grande Patriota Manuel da Maya! o ceu te remunere as tuas grandes virtudes quanto utilizou nellas o teu grande Discipulo! Que originaes lhe não deixaste impressos no coração e no entendimento! Aonde tiveste a satisfação de presencear o quanto forão respeitadas pela Providencia aquellas obras no grande abalo terrestre de 1 de novembro de 1755[1]».

Da consideração em que os planos de Manuel da Maya foram tidos nas regiões officiaes, diz o officio do Duque de Lafões que atraz deixámos publicado; mas aqui temos outro documento, este official, em que, poucos dias depois da data da terceira parte do relatorio do eminente engenheiro, o governo manda pôr em execução em grande parte as suas ideias:

Manoel da Maya Mo de Campo Gn.al e Engenhr.o mor do R.no Em virtude de hũa ordem de S. Mag.e a mim dirigida e partecipada ao Ex.mo S.r Duq.e Rej.or ordeno ao Ten.o Coronel Carlos Mardel e aos Cap.es Eugenio dos Santos, Elias Seb.am Pope acompanhado do Ajud.e Ant.o Carlos Andrey, e do Prat.e José Dom.es Pope tomem por sua conta fazer, delinear, demarcar e balisar o terreno q̃

  1. Theatro de Manuel de Figueiredo, tomo XIV, p. 630.