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Compete-nos portanto exercer sobre nós a sugestão d'esse aperfeiçoamento que nos eleve gradualmente a um quilate de superioridade moral. Porque viver é mais alguma coisa do que unovermo-nos como um bloco de materia egoista, retraída no exclusivismo do nosso eu, alheia a toda a realização da felicidade comum. A vida recai em missão inferior exercida em sentido vago, abstracto. Na obscuridade em que permanecem os entendimentos, ela faz das criaturas manequins que se movem em direcções confusas, n'um maquinal sonambolismo que lhes põe nas mãos as armas da infelicidade que ha de um dia ferí-las.

Tudo pois o que corre editos fóra das leis que constituem felicidade, relativa ás inclinações, coloca as criaturas em condição de sofrimento e humilhação. Rebaixa-as á condição de escravas, sem a dignidade pessoal, que é uma contingencia de firmeza e de confiança em nós proprios, e uma rehabilitação do nosso sêr moral.

D'aqui se conclue a urgencia de equilibrar os direitos dos dois sexos para encaminhar a libertação e a educação de ambos, sem a qual não é possivel existir felicidade pessoal ou geral.